A aprendência da escuta como insurgência epistêmica a partir das narrativas de uma mulher do sertão baiano
DOI:
https://doi.org/10.51880/ho.v25i2.1286Palabras clave:
aprendência, escuta, história oral, rebeldia, mulheresResumen
Nesse artigo analiso a importância de desenvolver uma escuta aprendente na pesquisa que desloque a/o pesquisadora/or do lugar de única/o sujeita/o produtora/or de conhecimento. A partir de uma pesquisa com História Oral para a construção da biografia de uma mulher do sertão baiano, problematizo as possibilidades de rebeldias epistêmicas, desde uma perspectiva feminista. Quais os limites e possibilidades de romper com as hierarquias na pesquisa, herdadas da ciência moderna? Como construir uma intervenção respeitosa quando estudamos a vida de uma pessoa? Como enfrentar o desafio da horizontalidade tendo sido formada/o por concepções de conhecimento eurocentrado, nas quais a hierarquia de saberes está no centro. Em diálogo com as Epistemologias do Sul e com os feminismos póscolonial e decolonial reflito sobre essas questões para pensar a construção de insurgências epistêmicas que abram espaços para o agenciamento de sujeitas e sujeitos tidas/os como subalternas/os.
Citas
AHMED, Sara. Vivir una vida feminista. Barcelona: Bellaterra, 2018.
AMADO, Janaina. & FERREIRA, Marieta. (orgs.) Usos e abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 1996.
ARIAS, Patricio Guerrero. Corazonar el sentido de las epistemologías dominantes desde las sabidurías insurgentes, para construir sentidos otros de la existência. Calle14, Bogotá, v. 4, n. 5, p. 80-94, jul./dez. 2010.
BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013.
BRASIL. Diretoria Geral de Estatística. Estatística da Instrucção. Primeira parte: Estatística Escolar. v.1. Rio de Janeiro: Typografia da Estatística, 1916.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. artes de fazer. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.
CUNHA, Teresa. Women inPower women: outras economias geradas e lideradas por mulheres no Sul não-imperial. Buenos Aires: CLACSO, 2015.
CUSICANQUI, Silvia Rivera. El potencial epistemológico y teórico de la história oral: de la lógica instrumental a la decolonizacion de la história. Temas Sociales, La Paz, n. 11, p. 49-64, 1987.
D’ARAUJO, Maria Celina. Como a História Oral chegou ao Brasil: Entrevista com Aspásia Camargo a Maria Celina D’Araujo. História Oral, Rio de Janeiro, v. 2, p. 167-79, 1999.
FRANCISCO, Mônica. Mulheres negras: oralidade, literatura e revolução. Conversa com Conceição Evaristo e Ludmilla Lins. Transmissão ao vivo pelo Facebook, 15 jun. 2020. Disponível em: https://web.facebook.com/monicafranciscopsol/videos/684291802353564. Acesso em 22 jul. 2022.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
HARDING, Sandra. Objetividade mais forte para ciências exercidas a partir de baixo. Em Construção, Rio de Janeiro, n. 5, 143-162, 2019.
MARÍN, Pilar Cuevas. Memoria colectiva: hacia un proyecto decolonial. In: WALSH Catherine (Ed.). Pedagogías decoloniales: prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. Quito: Ediciones Abya-Yala, 2013. p. 69-103.
ODARA, Norma. “Eu não nasci rodeada de livros, nasci rodeada de palavras”, conta Conceição Evaristo. Radio Brasil de Fato, 2 jul. 2017. Podcast. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2017/06/02/eu-nao-nasci-rodeada-de-livros-nasci-rodeada-de-palavras-conta-conceicaoevaristo. Acesso em: 15 jul. 2022.
PATAI, Daphne. História oral, feminismo e política. São Paulo: Letra e Voz, 2010.
PORTELLI, Alessandro. A filosofia e os fatos. Tempo, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 59-72, 1996.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.), Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009. p. 73-117.
RAGO, Margareth. A aventura de contar-se: feminismos, escrita de si e invenções da subjetividade. Campinas: Editora da Unicamp, 2013.
RAMOS JÚNIOR., Dernival Venâncio. Encontros epistêmicos e a formação do pesquisador em História Oral. História Oral, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 59-72, 2019.
ROVAI, Marta. Aprendendo a ouvir: a história oral testemunhal contra a indiferença. História Oral, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 129-148, 2013.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.), Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009. p. 23-71.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
VASCONCELOS, Tânia. Mara Pereira. Educar, catequizar e civilizar a infância: a escola paroquial em uma comunidade do sertão da Bahia (1941-1957). Dissertação (Mestrado em História) – USP, São Paulo, SP, 2009.
VASCONCELOS, Vânia Nara Pereira. “É um romance minha vida”: Dona Farailda - uma “casamenteira” no sertão baiano. Salvador: Edufba, 2017.
VASCONCELOS, Cláudia Pereira; VASCONCELOS, Vânia Nara Pereira. “Mulher séria” e “cabra macho”? Por outras representações de gênero no sertão. In: RIOS, Pedro Paulo Souza; MENDES, Alane Martins (Org.). Educação, gênero e diversidade sexual: fabricação das diferenças no espaço escolar. Curitiba: CRV, 2018. p. 149-165.
VASCONCELOS, Vânia Nara Pereira. Entre a norma e a rebeldia: rastros de feminismos no sertão baiano. Sæculum, João Pessoa, v. 24, n. 41, p. 204-216, 2019.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2022 História Oral
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
A revista História Oral é licenciada de acordo com a atribuição Creative Commons BY-NC-ND 4.0 (Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional). Dessa forma, os usuários da revista têm o direito de compartilhar livremente o material, copiando-o e redistribuindo-o em qualquer suporte e formato, desde que sem fins comerciais, fornecendo o crédito apropriado e não realizando mudanças ou transformações no material. Para maiores informações, ver: https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR