História oral e educação popular: reflexões sobre metodologia e práticas de pesquisa pautadas no diálogo e na escuta sensível
DOI:
https://doi.org/10.51880/ho.v25i2.1262Palabras clave:
História oral, Educação popular, Diálogo, Escuta sensível, IntersubjetividadeResumen
Este ensaio apresenta uma análise das interfaces entre os referenciais da educação popular e da história oral com intuito de suscitar contribuições metodológicas para consolidação de práticas investigativas dialógicas e participativas. Os conceitos de politicidade, dialogicidade e escuta sensível são apresentados como princípios metodológicos convergentes entre os campos da educação popular e da história oral, que visam afirmar o lugar da intersubjetividade no processo de construção de conhecimentos e nas práticas de pesquisa. Como convergências, destacam-se o compromisso político com a polifonia de vozes, de culturas e saberes populares, a afirmação da dimensão formativa de investigações colaborativas e participantes que possibilitam o desenvolvimento de processos de aprender-e-pensar narrativamente, bem como o reconhecimento de que as narrativas e histórias de sujeitos e grupos populares condensam saberes, significados e sentidos relevantes para o processo de ressignificar o presente e as epistemologias vigentes. A aproximação entre os estudos e práticas investigativas da educação popular e da história oral tem corroborado a construção de uma ciência crítica e de uma história oral popular capazes de fomentar a superação de injustiças sociais e a tessitura coletiva de sonhos e transformações possíveis.
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