Territórios do saber: a integração de saberes ancestrais e conservação ambiental na cosmovisão Shanenawa
DOI:
https://doi.org/10.51880/ho.v27i3.1457Palavras-chave:
Ancestralidade, povos indígenas, preservação ambientalResumo
Este artigo discute a importância da ancestralidade de povos indígenas e destaca a relevância de seus saberes ancestrais. Analisa-se a conservação ambiental sob a perspectiva da cosmovisão como forma de articular saberes que dialoguem com os povos indígenas e que possam sinalizar caminhos para a sociedade não indígena. Para tanto, desenvolveu-se um estudo de caso em uma comunidade indígena da etnia Shanenawa, no município de Feijó/AC, bioma Amazônico. Com isso, espera-se contribuir para uma discussão mais ampla sobre o reconhecimento da diversidade cultural e dos saberes tradicionais como elementos fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável. A integração do conhecimento tradicional, incluindo os saberes ancestrais, incentiva o reconhecimento desses conhecimentos como vitais para superar desafios ambientais contemporâneos, visando uma convivência mais equilibrada e respeitosa com a natureza.
Referências
Almeida, C. M. Shanenawa: um povo de luta. In: Povos do Acre – História Indígena da Amazônia Ocidental. Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour .Rio Branco, Acre, 2002.
Barreto, J. P. L. (2021). Complementaridade e transformação Yepamahsã. Cadernos Selvagem. Publicação digital da Dantes Editora Biosfera.
Barbosa, J. M. A., Mezacasa, R., & Fagundes, M. G. B. (2018). A oralidade como fonte para a escrita das Histórias Indígenas. Tellus, 18(37), p. 121–145. https://doi.org/10.20435/tellus.v18i37.558
Barreto. J. P. L. (2018). Wai-Mahsã: Peixes e Humanos. Manaus: EDUA.
Barthes, R. (2006). Mitologias. Tradução de Rita Buongermino; Pedro de Souza e Rejane Janowitzer. São Paulo: Difel.
Bartolomé, M. A. A Etnogênese: velhos atores e novos papéis no cenário cultural e político. Revista Mana, v. 12, n. 1, p. 39-68. 2006. https://doi.org/10.1590/S0104-93132006000100002
Bessa Freire, J.R. (2008). Tradição oral e memória indígena: a canoa do tempo, América: descoberta ou invenção. Rio de Janeiro, Imago Editora.
Blogar, L. (2015). Cuentos y mitos de los Piaroa. Bolívia: Fundación Editorial El perro y la rana.
Brasil. Decreto nº 283. Homologa a demarcação administrativa da área indígena Katukina/Kaxinawá, nos Estados do Acre e Amazonas. Brasília, 29 de outubro de 1991. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1991/decreto-283-29-outubro-1991-342989-publicacaooriginal-1-pe.html. Acessado em 24/04/2024.
Candido, G. V. Descrição Morfossintática da Língua Shanenawa (Pano). Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. Campinas, SP: [s.n.], 2004. Disponível em: https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/327440. Acessado em 24/04/2024.
Cassirer, E. (1992). Linguagem e mito. 3. Ed. Tradução de J. Guinsburg e Míriam Schnaider-man. São Paulo: Perspectiva.
Cohn, C. (2021). O que as crianças indígenas têm a nos ensinar? O encontro da etnologia indígena e da antropologia da criança. Horizontes Antropológicos. 27 (60). May-Aug. https://doi.org/10.1590/S0104-71832021000200002
Costa, A. E. da. (2017). Da miscigenação ao pluriculturalismo: questões em torno da ideologia pós-racial e a política da diferença no Brasil. Revista Latino-Americana de Direitos Humanos. v. 6, n. 2 (2015) http://dx.doi.org/10.18542/hendu.v6i2.3876
Demo, P. (2006). Éticas Multiculturais. Sobre convivência humana possível. Petrópolis: Vozes.
Dill, F. M., & Dorneles, V. G. (2020). As marcas culturais dos lugares na memória dos anciãos Kaingang. PIXO - Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade. https://doi.org/10.15210/pixo.v4i14.18616 Acessado em 9/02/22.
FAO – Food and Agricultural Organization of the United Nations. (2021). Forest Governance by Indigenous and Tribal People. An Opportunity for Climate Action in Latin America and the Caribbean. Disponível em: https://openknowledge.fao.org/items/361a142c-ba6f-49bc-89e9-7f7153adffac.
Acessado em 24/04/2024.
Figueiredo, R. de & Barros, F. (2016). Sabedorias, cosmologias e estratégias de caçadores numa unidade de conservação da Amazônia. Desenvolvimento e Meio Ambiente. http://dx.doi.org/10.5380/dma.v36i0.43351
Foppa, C., Felix, F., & Góes, L M. (2022). Experiências do projeto Ecologia de Saberes com povos e comunidades tradicionais do Paraná. Ethnoscientia, ano 07, número 02. http://dx.doi.org/10.18542/ethnoscientia.v7i2/13413
Gatti, B. (2012). Grupo Focal na Pesquisa em Ciências Sociais e Humanas. Autores Associados; 2ª edição, Volume 10.
Gaudêncio, J.; Martins, D.; Slveira, R.; Rodrigues, S. (2019). Breve perspectiva historiográfica sobre a ancestralidade da etnia indígena Kaingang. Revista Cadernos do Ceom, v.32, n.50. https://doi.org/10.22562/2019.50.09
Gimovski, Fabio. Saberes Tradicionais e Narrativas Míticas: Da Cosmologia Do Povo Shanenawa à Educação Ambiental. Curitiba. 2023
Gimovski, Fabio. Txai – Terra sem Raízes. Curitiba: Urukum, 2022.
Gimovski, Fabio. Samaúma – O Chamado da Floresta. Urukum: Curitiba, 2020
Hathaway, M; Boff, L. (2012) O tao da libertação: explorando a ecologia da transformação. Tradução Alex Guilherme. Petrópolis: Vozes.
Hisey, F., Finegan, C., & Olive, A. (2022). Recent protected area–Indigenous Peoples research articles in Canada and the USA: A meta-review. Parks Stewardship Forum, 38(3). http://dx.doi.org/10.5070/P538358970
Hoffman, K.; Davis, E.; Wickham, S.; Schang, K.; Johnson, A.; Larking, T. Lauriault, P.; Quynh, N.; Swerdfager, E.; Trant, A. (2021). Conservation of Earth’s biodiversity is embedded in Indigenous fire stewardship. Proceedings of the National Academy of Sciences. 118. e2105073118. https://doi.org/10.1073/pnas.2105073118
Hösle, V. (2019). Filosofia da crise ecológica. São Paulo: Liber Ars.
Irigaray, M. C.; Martins, E, J. (2016). Sociobiodiversidade e Biodemocracia: Uma (Re) Aproximação do Homem com a Natureza. Revista de Direito Ambiental e Socioambientalismo. Brasília-DF, v. 2, n. 1, p. 170-189. http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2525-9628/2016.v2i1.1051
Jacobi , P. (2003). Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118, 2003, p. 189-205. https://doi.org/10.1590/S0100-15742003000100008
Kahmann, A. C., Bertoldi, M. R., Figueroa, I., & Binguente, A. C. O. (2020). Línguas, livros e leis: o apagamento da cultura indígena e resistência. Veredas Do Direito: Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. https://doi.org/10.18623/rvd.v17i37.1703
Kopenawa, D.; Albert, B. (2015). A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras.
Krosby, M., Bridge, G., Asinas, E. T, & Hall, S. (2023). Moving transboundary conservation from Indigenous engagement to Indigenous leadership: Working across borders for a resilient Cascadia. Parks Stewardship Forum, 39(1). http://dx.doi.org/10.5070/P539159903
Latour, B. (2019). Políticas da Natureza: Como associar a ciência à democracia. São Paulo: Unesp.
Larsen, P. B., Billon, P. L., Menton, M., Aylwin, J., Balsiger, J., Boyd, D. A., Lambrick, F., Santos, C., Storey, H., & Wilding, S. (2020). Understanding and responding to the environmental human rights defenders crisis: The case for conservation action. Conservatiopn Letters. https://doi.org/10.1111/conl.12777
Lee, E. Indigenous peoples shift conservation through best practice. (2021) Nat Hum Behav 5, 666–667 (2021). https://doi.org/10.1038/s41562-021-01100-0
Love, T., & Hall, C M. (2020). Understanding Indigenous Exploitation Through Performance Based Research Funding Reviews in Colonial States. Frontiers, Volume 5. https://doi.org/10.3389/frma.2020.563330
Lévi-Strauss, C. (2004). Mitológicas I (O cru e o cozido). Trad. Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Cosac & Naify.
Mauro, V. F. 2013. Etnogênese e reelaboração da cultura entre os Krahô-kanela e outros povos indígenas. Espaço Ameríndio. Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 37. https://doi.org/10.22456/1982-6524.33293
Melo, P.; Camargo, T.; Lima, R.; Abreu, T.; Santiago, R. (2022). Exploring educators’ perception of issues involving Planetary Health: A qualitative study in the Brazilian Amazon. International Health Trends and Perspectives. 2. 61-80. 10.32920/ihtp.v2i3.1680. https://doi.org/10.32920/ihtp.v2i3.1680
Mera, L.; Neiva, G.; Barbosa, R. (2022). Silenciar, escutar, conviver, resistir e sonhar: aprendizados na Escola Mbya Arandu. Revista Brasileira de Educação. 27. https://doi.org/10.1590/S1413-24782022270042
Morton, T. (2019). Ecologia Oscura: Sobre La coexistência futura. Argentina: Ediciones Paidos.
Munduruku, D. (2012). O caráter educativo do movimento indígena brasileiro. São Paulo: Paulinas.
Nascimento, A. C. (2004). Educação indígena: palco das diferenças. Campo Grande: UCDB, 2004.
Naugle, D. (2017). Cosmovisão: a história de um conceito. Brasília: Monergismo. E-book.
Neves, M. V. História Nativa do Acre. Povos do Acre :História Indígena da Amazônia Ocidental. FEM/CIMI. Edição Comemorativa do dia do Índio. Rio Branco, 2002.
Oliveira, G. de; Mataveli, G.A.V.; dos Santos, C.A.C.; He, L.; Hellenkamp, S.E.; Funatsu, B.M.; Stark, S.C.; Shimabukuro, Y.E. (2022). Protecting Amazonia Should Focus on Protecting Indigenous, Traditional Peoples and Their Territories. Forests, 13, 16. https://doi.org/10.3390/f13010016
Paes, L. R., Santos, R. floramar fernandes dos, Ricardo, H. A., & Vieira, A. R. L. (2022). Em busca de outras coordenadas epistêmicas: breve enunciação entre decolonialidade e a formação universitária de professores indígenas no Amazonas. Intellèctus, 21(1), 104–132. https://doi.org/10.12957/intellectus.2022.66097
Papá, C. (2021). Pytun Jera – desabrochar da noite. Cadernos Selvagem. Publicação digital da Dantes Editora Biosfera. Disponível em: https://selvagemciclo.com.br/2023/wp-content/uploads/2021/04/CADERNO18_PAPA-1.pdf. Acessado em 24/04/2024.
Ribeiro, Darcy. Maíra. Global Editora, 2014.
Ribeiro, Darcy. Os Índios e a Civilização: A Integração das Populações Indígenas no Brasil Moderno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970.
Salgado, C. A. B. Segurança alimentar em terras indígenas: os Shanenawá no rio Envira – Acre. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Acre, Rio Branco-AC, 2005. Disponível em: http://biblioteca.funai.gov.br/media/pdf/TESES/MFN-13129.pdf. Acessado em 24/04/2024.
Santaella, L. (2022). Neo-humano: a sétima revolução cognitiva do sapiens. Curitiba: Paulus Editora.
Scopel, D., Dias-Scopel, R., & Langdon, E. J. (2018). A cosmografia Munduruku em movimento: saúde, território e estratégias de sobrevivência na Amazônia brasileira. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 13(1), 89-108. https://doi.org/10.1590/1981.81222018000100005
Silveira, L. G. dos S. O. (2019). Identidade e ancestralidade na literatura indígena. Miguilim – Revista Eletrônica do Netlli. V.8 n.2. https://doi.org/10.47295/mgren.v8i2.1823
Souza, T. C. (2016). Línguas indígenas: memória, arquivo e oralidade. Policromias - Revista de Estudos Do Discurso, Imagem e Som.v.1, n.2. https://doi.org/10.61358/policromias.v1i2.7710
Viveiros de Castro, E. (2006). A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. 2. ed. São Paulo: Cosac & Naify.
Viveiros de Castro, E. & Danowski, D. (2014). Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. São Paulo: Instituto Socioambiental.
Werneck, M. M. F. (2011). Viagem à Mitosfera – Pensamento mágico e mítico em Claude Lévi-Strauss. In: Mito e Magia. São Paulo: Editora Unesp.
WWF. Gestão territorial e combate ao fogo. Disponível em: https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/amazonia1/emergencia_amazonica/gestao_territorial_e_combate_ao_fogo/#:~:text=A%20Terra%20Ind%C3%ADgena%20Katukina%2FKaxinaw%C3%A1,capital%20do%20Acre%2C%20e%20Feij%C3%B3. Acessado em 24/04/2024.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 História Oral
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A revista História Oral é licenciada de acordo com a atribuição Creative Commons BY-NC-ND 4.0 (Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional). Dessa forma, os usuários da revista têm o direito de compartilhar livremente o material, copiando-o e redistribuindo-o em qualquer suporte e formato, desde que sem fins comerciais, fornecendo o crédito apropriado e não realizando mudanças ou transformações no material. Para maiores informações, ver: https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
