Sonhos interrompidos, perseguição política e uma vida reinventada: o golpe de 1964 e seus desdobramentos na vida do militante político Mery Medeiros da Silva
DOI:
https://doi.org/10.51880/ho.v27i01.1434Palabras clave:
Memória, Golpe de 1964, NarrativaResumen
O golpe de 1964 transformou o Brasil, alterou a ordem política vigente, freou o avanço das reformas de base e, considerando o contexto político mundial, alinhou o país aos interesses norte-americanos, ao assumir o combate à dita “ameaça comunista”. Para além dos impactos de ordem macro, o golpe provocou mudanças também no cotidiano mais particular da vida daqueles sujeitos considerados subversivos. Muitas e diversas narrativas poderiam ser escolhidas para demonstrar essas transformações, perdas e interdições acumuladas. Aqui, optou-se por uma, a do militante político Mery Medeiros da Silva. O objetivo principal é discutir os impactos do golpe de 1964 e dos seus desdobramentos sobre os sonhos e a vida de um homem, potiguar e comunista, que foi perseguido, preso e torturado em função de sua militância, mas que reinventou o viver e fundou uma associação de anistiados políticos nos anos 2000. Para tanto, utilizou-se o arcabouço teórico-metodológico da história oral, percebida a partir das afetações provocadas em ambas as partes envolvidas na entrevista (Portelli, 2016), e abordada em uma perspectiva híbrida (Meihy; Holanda, 2017), oportunizando o cruzamento de fontes (T ompson, 2002) e permitindo trazer à discussão as memórias coletivas (Halbwachs, 2017), expressas nas narrativas, mas também dados, informações e adjetivações presentes em periódicos, legislações e demais fontes.
Citas
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. (Obras Escolhidas, v. 1).
BRASIL. Lei no 10.559, de 13 de novembro de 2002. Lei que institui a Comissão de Anistia e regulamenta o regime do anistiado político. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n.221. p. 6, 14 nov. 2022.
BRASIL. Decreto-Lei no 477, de 26 de fevereiro de 1969. Define infrações disciplinares praticadas por professores, alunos, funcionários ou empregados de estabelecimentos de ensino público ou particulares, e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 1706, 26 fev. 1969.
CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 2014.
DIÁRIO DE NATAL. Natal, n. 7147, 1 abr. 1964.
DUARTE, Rafael. Brasil perde Mery Medeiros, expoente no RN das Ligas Camponesas. Saiba Mais, Natal, 9 jul. 2020. Disponível em: https://saibamais.jor.br/2020/07/brasil-perde-a-ternura-de-mery-medeiros-um-dos-ultimos-remanescentes-das-ligas-camponesas-no-rn/. Acesso em: 3 abr. 2024.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.
FRISCH, Michael. A história pública não é uma via de mão única, ou, De A Shared Authority à cozinha digital, e vice-versa. In: MAUAD, Ana Maria; ALMEIDA, Juniele Rabêlo de; SANTHIAGO, Ricardo (Org.). História pública no Brasil: sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e Voz, 2016. p. 57-71.
GÓES, Moacyr de. Sem paisagem: memórias da prisão. Natal: Sebo Vermelho, 2004.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2017.
LARROSA, Jorge. Tremores: escritos sobre experiência. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
O POTI. Natal, n. 1209, 20 set. 1964.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto, 2017.
MONTE, Roberto. Mery Medeiros da Silva 01 – O RN antes do golpe de 1964. Coleção Memória das Lutas Populares no RN. DHnet, 4 maio 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BgKAawPiUhc. Acesso em: 3 abr. 2024.
PESAVENTO, Sandra. Sensibilidades: escrita e leitura da alma. In: PESAVENTO, Sandra;
LANGUE, Frédérique (Org.). Sensibilidades na história: memórias singulares e identidades sociais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. p. 9-22.
POLLAK, Michael. Memória. Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989. Disponível em: https://www.uel.br/cch/cdph/arqtxt/Memoria_esquecimento_silencio.pdf. Acesso em: 3 abr. 2024.
POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5,n. 10, p. 200-212, 1992. Disponível em: http://www.pgedf.ufpr.br/memoria%20e%20 identidadesocial%20A%20capraro%202.pdf . Acesso em: 5 jan. 2024.
PORTELLI, Alessandro. História oral como arte da escuta. São Paulo: Letra e Voz, 2016.
SILVA, Mery Medeiros da. Acervo online Mery Medeiros. Coleção Memória das Lutas Populares no RN. Acervo DHNet. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/mery/acervo.htm. Acesso em: 15 dez. 2022.
THOMPSON, Paul. A voz do passado. História oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
VERAS, Carlos Moura de Morais; SILVA, José Domingos da. Relatório de Inquérito de Polícia Militar (Relatório Veras), 1964.
Fontes orais
ARAÚJO, Floriano Bezerra de [85 anos]. [jan. 2012]. Entrevistadora: Aliny Dayany Pereira de Medeiros Pranto, Natal, 20 jan. 2012.
CAPISTRANO, Benjamin. [81 anos]. [ago. 2022]. Entrevistadora: Aliny Dayany Pereira de Medeiros Pranto, Natal, 25 ago. 2022.
SILVA, Mery Medeiros da [69 anos]. [jan. 2012]. Entrevistadora: Aliny Dayany Pereira de Medeiros Pranto, Natal, 17 jan. 2012.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 História Oral
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
A revista História Oral é licenciada de acordo com a atribuição Creative Commons BY-NC-ND 4.0 (Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional). Dessa forma, os usuários da revista têm o direito de compartilhar livremente o material, copiando-o e redistribuindo-o em qualquer suporte e formato, desde que sem fins comerciais, fornecendo o crédito apropriado e não realizando mudanças ou transformações no material. Para maiores informações, ver: https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR