O acervo oral da Comissão Milton Santos de Memória e Verdade UFBA: possibilidades e desafios
DOI:
https://doi.org/10.51880/ho.v25i2.1273Palavras-chave:
história oral, comissão da verdade, memória, ditaduraResumo
O artigo explora o acervo oral construído pela Comissão Milton Santos de Memória e Verdade da UFBA, que disponibilizou no YouTube 30 relatos de gravações de depoimentos com ex-estudantes, funcionários e professores da UFBA a respeito do golpe e da ditadura. O contexto de produção das narrativas foi marcado pelo aniversário dos 50 anos do golpe de 1964, que atualizou a “guerra de memórias” sobre a ditadura, especialmente após a criação da Comissão Nacional da Verdade (CNV) em 2012. A
abordagem levanta reflexões teórico-metodológicas a respeito do ritual do testemunho e da comunicação não verbal presente nos depoimentos. O acervo é sugestivo para refletir sobre as possibilidades e desafios do uso de bancos de memórias disponibilizados na internet.
Referências
ANSART, Pierre. A gestão das paixões políticas. Tradução Jacy Seixas. Curitiba: Editora UFPR, 2019.
ARAUJO, Maria Paula. Memórias estudantis, 1937-2007: da fundação da UNE aos nossos dias. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Fundação Roberto Marinho, 2007.
BENEVIDES, Sílvio César Oliveira. Proibido proibir – uma geração na contramão do poder: o movimento estudantil na Bahia e o jovem. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – UFBA, Salvador, BA, 1999.
BRASIL. Decreto-Lei nº 477, de 26 de fevereiro de 1969. Define infrações disciplinares praticadas por professores, alunos, funcionários ou empregados de estabelecimentos de ensino público ou particulares, e dá outras providências. Diário Oficial da União: Seção 1, Brasília, DF, p. 1.706, 26 fev. 1969.
BRITO, Antonio Mauricio Freitas. O golpe de 1964, o movimento estudantil na UFBA e a resistência à ditadura militar (1964-1968). Tese (Doutorado em História) - UFBA, Salvador, BA, 2008.
BURKE, Peter. Variedades de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
CARDOSO, Lucileide Costa. Construindo a memória do regime de 64. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 14, n. 27, p. 179-196, 1994.
SILVA, Leandro Coutinho; MIRANDA, Zeni Duarte de. Avanços e limites da Comissão Milton Santos de Memória e Verdade da UFBA: análise arquivística. Revista Fontes Documentais, Aracaju v. 2, n. 1, p. 4-23, 2019.
COMISSÃO MILTON SANTOS DE MEMÓRIA E VERDADE. Relatório Final: Golpe Civil-Militar de 1964 na UFBA - Rompendo o silêncio do Estado e reduzindo o espaço da negação. Salvador: CMSMV UFBA, 2014.
CONCEIÇÃO, Elias dos Santos. Fragmentos de vida: militância de José Rodrigues Filho no Movimento Estudantil de Cruz das Almas (Bahia, 1969-1973). Dissertação (Mestrado em História) – UFBA, Salvador, BA, 2021.
DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. História oral: memória, tempo, identidades. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
FAGUNDES, Pedro Ernesto. Comissão da Verdade na universidade: um relato sobre o caso da Comissão da Verdade da Universidade Federal do Espirito Santo (CV Ufes). Revista Ágora, Vitória, n. 27, p. 121-131, 2018.
FAGUNDES, Pedro Ernesto. Universidade e repressão política: o acesso aos documentos da assessoria especial de segurança e informação da Universidade Federal do Espírito Santo (AESI/UFES). Tempo & Argumento, Florianópolis, v. 5, n. 10, p. 295-316, 2013.
FARIA, Daniel. Sob o signo da suspeita. As loucuras do poder ditatorial. Antíteses, Londrina, v. 8, n. 15, p. 221-240, 2015.
FONTES, Edilza Joana Oliveira. A Comissão da Verdade na Universidade Federal do Pará: a criação de um acervo digital com testemunhos de violações dos direitos humanos. História Oral, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 109-129, jul./dez. 2018.
FRANÇOIS, Etienne. A fecundidade da história oral. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína (Org.). Usos & abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001. p. 3-13.
FRANÇOIS, Étienne. Os “tesouros” da Stasi ou a miragem dos arquivos. In: BOUTIER, Jean; JULIA, Dominique (Org.). Passados recompostos: campos e canteiros da história. Rio de Janeiro: Editora UFRJ: Editora FGV, 1998. p. 155-161.
FRANK, Robert. Questões para as fontes do presente. In: CHAUVEAU. Agnès; TÉTARD, Philippe (Org.). Questões para a história do presente. Bauru: Edusc, 1999. p. 103-117.
FRISCH, Michael. A história pública não é uma via de mão única ou De A shared Authority à cozinha digital, e vice-versa. In: MAUAD, Ana Maria; ALMEIDA, Juniele Rabêlo de; SANTHIAGO, Ricardo (Org.). História Pública no Brasil: sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e Voz, 2016. p. 57-69.
HALBWACHS, Maurice. Los marcos sociales de la memoria. Rubí: Anthropos Editorial; Concepción: Universidad de la Concepción; Caracas: Universidad Central de Veneuzuela, 2004.
HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumento, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 2000.
JELIN, Elizabeth. Exclusión, memorias y luchas políticas. In: MATO, Daniel; MALDONADO FERMÍN (Org.). Cultura y transformaciones sociales en tiempos de globalización. Buenos Aires: CLACSO, 2001. p. 91-110.
JOUTARD, Philippe. Desafios à história oral do século XXI. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; FERNANDES, Tania Maria; ALBERTI, Verena (Org.). História oral: desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz / Casa de Oswaldo Cruz / CPDOC - Fundação Getúlio Vargas, 2000. p. 31-45.
KERTZER, David. Rituais políticos e a transformação do Partido Comunista Italiano. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 7, n. 15, p. 15-36, 2001.
KUCINSKI, Bernardo. K.: relato de uma busca. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
LUCCHESI, Anita. Conversas na antessala da academia: o presente, a oralidade e a história pública digital. História Oral, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 39-69, jan./jun. 2014.
LUCCHESI, Anita; CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. História digital: reflexões, experiências e perspectivas. In: MAUAD, Ana Maria, ALMEIDA, Juniele Rabêlo de, SANTHIAGO, Ricardo (Org.). História Pública no Brasil: sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e Voz, 2016. p. 149-163.
MARTINS FILHO, João Roberto. A guerra da memória: a ditadura militar nos depoimentos de militantes e militares. Varia História, Belo Horizonte, n. 28, p. 178-201, 2002.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História Oral. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2005.
MOREIRA, Bruno de Oliveira. Milton Santos e a ditadura civil-militar (1964-1985): prisão, exílio e memória. Texto (Qualificação de Doutorado) – UFBA, Salvador, BA, 2020.
MOTTA, Rodrigo Patto Sá. As universidades e o regime militar: cultura política brasileira e modernização autoritária. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
MÜLLER, Angélica; FAGUNDES, Pedro Ernesto. O trabalho das comissões da verdade universitárias: rastreando vestígios da repressão nos campi durante a ditadura militar. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 66, n. 4, p. 44-47, 2014.
NAPOLITANO, Marcos. Desafios para a História nas encruzilhadas da memória: entre traumas e tabus. História: Questões e Debates, Curitiba, v. 68, n. 1, p. 18-52, 2020.
NAPOLITANO, Marcos. Recordar é vencer: as dinâmicas e vicissitudes da construção da memória sobre o regime militar brasileiro. Antíteses, Londrina, v. 8, n. 15, p. 9-44, 2015.
OLIVEIRA, Antonio Eduardo Alves de. O ressurgimento do movimento estudantil baiano na década de 70. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – UFBA, Salvador, BA, 2002.
OLIVEIRA, Gilberto Couto. Repressão a Nelson Pires durante a ditadura militar: UFBA, processo e exílio (1964-1979). Dissertação (Mestrado em História Social) – UFBA, Salvador, BA, 2019.
OLIVEIRA, Louise Anunciação Fonseca de et al. Ações arquivísticas no acesso à informação junto à Comissão da Verdade da UFBA: resgate histórico do período da ditadura civil militar. In: CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIA, 6., 2014, Santa Maria. Anais... Santa Maria: AARS, 2014.
PEREIRA, Mateus Henrique de Faria. Nova direita? Guerras de memória em tempos de Comissão da Verdade (2012-2014). Varia Historia, Belo Horizonte, v. 31, n. 57, p. 863-902, 2015.
POLLACK, Michael. Memória, esquecimento e silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2. n. 3, p. 3-15, 1989.
PORTELLI, Alessandro. O massacre de Civitella Val di Chiana: mito, política, luto e senso comum. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína (Org.). Usos & abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001.
PORTELLI, Alessandro. O que faz a história oral diferente. Projeto História, São Paulo, n. 14, p. 25-39, fev. 1997.
SCHMIDT, Benito Bisso. Cicatriz aberta ou página virada? Lembrar e esquecer o golpe de 1964 quarenta anos depois. Anos 90, Porto Alegre, v. 14, n. 26, p. 127-156, 2007.
SHOPES, Linda. A evolução do relacionamento entre história oral e história pública. In: MAUAD, Ana Maria; ALMEIDA, Juniele Rabêlo de; SANTHIAGO, Ricardo (Org.) História pública no Brasil: Sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e Voz, 2016. p. 71-84.
SILVA, Anderson Luís Santos. Após a longa noite: as jornadas grevistas de 1975 na UFBA. Dissertação (Mestrado em História Social) – UFBA, Salvador, BA, 2016.
SILVEIRA, Anne Alves da. Sorria, você está sendo espionado: a atuação do serviço de informação na Universidade Federal da Bahia (1972-1979). Dissertação (Mestrado em História) – UFBA, Salvador, BA, 2020.
SOUZA, Jorge Roberto Chastinet de. Entre esquecimento e silêncio: memórias de ex-ativistas estudantis (1960-1965). Dissertação (Mestrado em História) – UFBA, Salvador, BA, 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 História Oral
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A revista História Oral é licenciada de acordo com a atribuição Creative Commons BY-NC-ND 4.0 (Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional). Dessa forma, os usuários da revista têm o direito de compartilhar livremente o material, copiando-o e redistribuindo-o em qualquer suporte e formato, desde que sem fins comerciais, fornecendo o crédito apropriado e não realizando mudanças ou transformações no material. Para maiores informações, ver: https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR